terça-feira, 30 de novembro de 2010

Razão pura e o procedimento Dogmático

                  Não podemos admitir uma vez sequer Deus, liberdade, imortalidade, para fins do uso prático necessário da minha razão, se não embargo ao mesmo tempo a presunção a este da razão especulativa e conhecimento transcendental, porque ela, para chegar a este, tem de servi-se de tais proposições fundamentais, que enquanto de fato alcançam os objetos da experiência possível, quando contudo são aplicados ao que não podemos transformar efetivamente em fenômeno e deste modo declaram como impossível toda a extensão prática da razão pura. Logo, tivemos que elevar o saber, para obter um lugar para a fé, ao  dogmatismo da metafísica, isto é o preconceito de progredir nela sem uma crítica da razão pura é a verdadeira fonte de toda a descrença conflitante com a moral, descrença essa que é sempre muito dogmática.              
                 A Crítica não se opõe ao procedimento dogmático da razão em seu conhecimento puro enquanto ciência (pois esta tem que ser sempre dogmática, isto é, à presunção de avaliar sozinha em um conhecimento puro a partir de conceitos (o conhecimento filosófico), de acordo com princípios que a razão há tempo usa, sem investigação do modo e do direito com que ela chegou até lá. Logo, o dogmatismo é o procedimento dogmático da razão sem crítica prévia de sua própria faculdade.